Conversas com Kiki #2

Ela: Sabes, Mãe. Os primos estão a passar férias em Campo Maior.
Eu: Ah, sim? Que giro, vão lá ter com eles?
Ela: Achas?! Aquilo é uma ilha ao pé da Madeira!!!
Eu: Espera… Campo Maior foi onde foi a festa do Gonçalo…será que os primos estão no Porto Santo?(digo eu, ao pé da Madeira, cada vez mais confusa)
Ela: Oh, Mãe! A festa do Gonçalo foi em Cabo Verde!
Eu(já perdida de riso mas a disfarçar): Querida, a quinta do Gonçalo era em Campo Maior, no Alentejo…uma ilha perto da Madeira pode ser Porto Santo…a Mãe está a tentar perceber…
Ela: Pois olha, não sei. É perto da Madeira e tá muito calor. Mas não dá para ir lá porque tínhamos que ir de avião e estamos em Pedras “N’El” Rei!

Dei à luz um Nelo…

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Conversas com Kiki #1

Ao telefone, enquanto ela está de férias com o pai.

Ela: Foste à praia?
Eu: Hoje não, querida, a Mãe saiu tarde.
Ela: Mãe, estás morena?
Eu: uhmmm…não sei…sabes que a mãe nunca fica muito morena.
Ela: Vou ensinar-te um truque!
Eu: …ahm…OK
Ela: Olha para o pipi!!!
Eu: O quê?!!!
Ela: Se olhares para o pipi e comparares com o resto do corpo, vais perceber se estás muito morena ou não!

Living and learning, living and learning…

Quando sais cedo do escritório…

Decidi que, para terapia, iria entrar todos os dias desta semana cedo, sair cedo e ia à praia.

Na minha praia do costume, para além das minhas amigas septuagenárias com quem costumo falar de netos, filhos, de outros tempos em que os valores eram outros e algumas mais modernas sobre energias, meditação e exercícios de respiração e yoga, tenho ainda:

– Um hipster. De tanga azul, um bigode farfalhudo magnífico, uma corda ao pescoço com uma pedra atada e chapéu de palha, cujo rabo ontem vi a metros da minha cara no minimo 15 vezes, sempre que tentou ajeitar a mesa da esplanada, que estava bamba. Os rapazes que trabalham na esplanada acabaram por trocar a mesa, penso que o espetáculo do traseiro do senhor em posições inclinadas os estava a perturbar também. Estamos, portanto, na presença de um novo habitué, já que hoje estava outra vez na praia.
Deitado em pose de sereia, observava o firmamento. Cá para mim estava a pensar na forma de convencer o funcionário das finanças a aceitar a declaração de IRS do próximo ano em papel, que é vintage…

– Perto da água um senhor muito velho de toalha enrolada à cintura numa tentativa de mudar de calções de banho para cuecas e calças… Uma rajada de vento deixou cair as calças da rocha e levantou a toalha…vi, aos 35 anos, uma pilinha muito velha e com ar triste, ao vento.

Deus, realmente, tira com uma mão e dá com a outra. Eu achava que precisava de foco e paz, afinal Ele mandou-me nonsense, que Ele sabe que, no meio do caos, seria a única coisa que me faria rir…

So é pena não ter encontrado o casal cujo marido esta farto de me convidar para ir a uma aula de kickbox num clube dos grandes, onde pratica a modalidade…ontem vi todos os videos de treinos e castanhadas diversas em plastrons no telefone do senhor.

Só uma última nota: O hipster limpa-se, ao sair da água, com uma pequena toalha de bidé, antes de se sentar na toalha de praia 😍

#grata #aminhapraiaémelhorqueavossa #hashtagsparvos

Ah…zero foco e paz. Mas isso são outros 500, não estou pronta para falar sobre isso. Obrigada e bom dia.

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“Coisas realmente importantes”

Tenho uma amiga com quem falo praticamente todos os dias. Do trabalho, da família, de coisas sérias, de trapalhadas…de tudo um pouco. Temos um sentido de humor parecido, rimo-nos das mesmas coisas e, no meio de uma conversa sobre assuntos mesmo sérios há sempre uma de nós que diz a frase: “agora coisas realmente importantes” e salta um link para um biquíni da Latitid ou sai uma fotografia de um creme maravilhoso anti rugas.
E acabamos a rir de nós próprias, destas chatices da vida que na verdade só são chatices porque temos saúde, família, tudo no lugar, graças a Deus.
Mas hoje, hoje sim, um link que leva bem a legenda de “coisas realmente importantes”. Vale muito a pena ouvir:

Não andamos todos aqui ao mesmo? Para sermos felizes? 🙂

Uma pessoa assim não vai lá…

Uma pessoa passa horas a lavar vegetais à noite.

A separar folhas boas das que já não estão boas.

Uma pessoa separa folhas de espinafres, de alface, de rúcula.

Uma pessoa corta cebolinho.

Uma pessoa separa tudo em tupperwares.

…e quando chega ao escritório, percebe que se esqueceu do atum…

Toma lá um hambúrguer de salmão em bolo do caco com legumes e batata doce, que hoje é dia de treino, vá, o estrago não é assim tão grande.

Uma pessoa até quer fazer boa figura num trapinho de licra na praia, quando chegar o tempo quente…mas assim uma pessoa não vai lá…

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Os 35

Adoro fazer anos. Sempre adorei. Adoro que sejam cada vez mais, adoro somar e seguir. Importo-me zero com a idade.

Os 35 iam ser em grande. Nos 35 eu ia organizar uma festa de arromba. Ia ser um festão, com tema, com familia e amigos, com aqueles amigos todos que passamos o ano a não conseguir reunir. Com música e dança e tudo à grande porque afinal, eram os 35!

Mas…não organizei nada. Não planeei nada. Só de pensar nisso ficava cansada… Sempre fui assim.

Comecei a aceitar, em consciência, que não ia preparar nada. E que melhor idade do que esta para dar um pontapé nas convenções e fazer o que nos apetece?

No dia dos meus anos tinha as mãos por arranjar…não quero saber! Não tinha as madeixas feitas (os brancos não dão tréguas desde os 20’s)…não quero saber! Tinha uma camisola quente, bem comprida, calções de ganga rasgados e confortáveis, ténis…já tinha dito que não quero saber?

Enchi e encheram-me o dia de coisas maravilhosas, banais para a maioria das pessoas, mas de valor inestimável para mim. Praia, mimos, planos feitos na hora, almoços mudados à última, voltar à praia, aproveitar o sol, som de crianças a brincar, frangos assados ao jantar, batatas fritas, bolo de unicórnio em pratos de plástico e sou uma mulher feliz.

Os 35 chegaram com passo firme e confiante. Prometem não ser mornos, ainda que sejam calmos e seguros.

São bem vindos e prometem! Prometem sim!

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Todos os dias

Todos os dias penso em ti, Ziquis querida. Não é que me lembre de ti, penso mesmo em ti. E ainda não tinha tido coragem de voltar a escrever, muito menos sobre ti.

Nunca me tinha acontecido ficar sem alguém tão importante. Que me faz tanta falta.

O ano de 2017, mesmo antes de chegar a meio, levou a minha querida Avó-Mãe. Custa, faz falta e saudades, mas sabemos que tem de ser, que a barra dos 90 é pesada, que tem de ser um dia. Dói, mas não é a mesma dor.

2017 levou-te também. Não nos tirou o tapete. Deitou-nos ao tapete.

Todos os dias penso, em algum momento do dia, que não aconteceu. Todos os dias revivo o dia em que me avisaram que, de repente, tinhas piorado tanto e poderiam ser horas…com sorte dias… e parece mentira!

Falávamos muito. Quase diariamente. Uma mensagem no whatsapp, dois dedos de conversa no chat do escritório, telefonemas no caminho para ou do trabalho. Havia sempre qualquer coisa para contar, para dizer, para lembrar, para combinar. Às vezes havia só um disparate para dizer. Muitas vezes havia coisas que te faziam lembrar de mim e dizias-me, e ao contrário também, estivesse onde estivesse, lembrava-me, ligava. E tudo contigo era entusiasmo. Tudo ia ser “tsi tsi tsi”, tudo ia ser espectacular e nós íamos conseguir, fosse lá o que fosse.

Até quando já estavas doente, trocávamos links de acessórios para por na cabeça, porque dizias que pela altura do inverno ias estar sem cabelo. Planeámos que eu ia aderir também aos turbantes e head-jis, e íamos andar as duas lindonas, com brincos bem grandões! Tsi tsi tsi, dizíamos nós enquanto fazíamos planos.

Continuo a tsi tsizar, sempre que alguma coisa é conseguida, reajo assim mesmo com quem não faz ideia do que é a Tsitsilândia. Continuo a indignar-me com “ai o quês” e continuo a pensar em ti. Ficaste-me para sempre. Para todos os meus dias. Em coisas pequenas, simples, que eram as “nossas” coisas, fazes-me uma falta descomunal.

Começou a nova temporada do Exorcista na FOX, mas no dia que soube não pude ligar-te para tsi tsizarmos sobre isso… tenho a certeza de que o novo Insidious que estreia agora no cinema tem uma sessão de meio da tarde para nós, senhoras velhinhas que não vão à sessão da meia-noite dos filmes de terror porque temos medo depois de ir para o parque de estacionamento do centro comercial sozinhas… mas acho que não vou… O crochet está no cesto da sala…olho para ele mas não sou capaz de lhe pegar…

Hoje mesmo disse um “Deus lhe acrescente!” a entrar na fila da segunda circular, e saiu-me uma gargalhada, como as que dávamos depois de dizer isto e de toda a ginástica de gestos a agradecer a alguém que nos deixava passar no trânsito, quando íamos a caminho do trabalho juntas. O que nos ríamos, logo de manhã. De manhã éramos todas energia e alegria, falar alto, rir até doer a barriga. De manhã e a qualquer hora do dia. Guardo-te a rir à gargalhada, num dia em minha casa em que a Kiki insistia em apresentar-te todos os bonecos da princesa Helena e que quando chegava a um deles, dizia o nome dele com pronuncia espanhola e tinha tanta graça que não podíamos mais! Guardo-te a fazer coreografias com a Kiki na água, no verão, no dia dos teus anos, que se passava sempre na praia. Guardo-te e guardo-vos, a ti e à Kiki juntas, a jogar às escondidas com a Eve, que como bom pastor belga que é, tinha alguma dificuldade em perceber o conceito de ficar a contar enquanto a Kiki se escondia. Mas tu ajudavas, entravas na cena, percebias perfeitamente que nada pode meter-se na amizade entre uma criança de 6 anos e o cão que ficava deitado a ouvir as histórias que ela lia e que tinha direito a receber desenhos feitos por ela.

Não deixámos nada por dizer, felizmente. Nunca nos zangámos, felizmente. Nunca deixámos nada por fazer, apesar de haver ainda tanta coisa que íamos fazer. Nunca não tivemos tempo uma para a outra, felizmente. Arranjávamos sempre uma maneira.

Todos os dias penso em ti. Há dias até em que falo contigo. Literalmente, em voz alta. Na esperança que oiças. Conto-te coisas na mesma (tanta coisa que aconteceu e já não te pude contar! Tentei, mas já não deu…), tsi tsi tsizo na mesma, vou falando, como se estivesses mesmo ali.

Este post não tem uma forma bonita de acabar. Não vai ter uma frase que o remate e que nos encha de esperança. Simplesmente acaba como começou. A dizer que penso em ti. Não. Não me lembro de ti. Penso mesmo em ti. Todos os dias, já te tinha dito?

Até já, Ziquis. Amo você.

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Era uma vez umas miúdas

Era uma vez umas miúdas, todas diferentes, que um dia foram todas postas no mesmo sítio, a trabalhar. Com carros, motas, pó, lama, frio, chuva, calor… o que calhasse.

Algumas chegaram ao mesmo tempo. Outras foram chegando e foram-se juntando a esta grupeta. Algumas foram ficando pelo caminho ou seguiram outros.

Como eu disse, estas miúdas eram todas diferentes umas das outras. Mas gostaram sempre das suas diferenças e respeitaram-se sempre nessas mesmas diferenças. E funcionaram sempre como um grupo.

Com o tempo, foram-se encontrando em diferentes momentos da vida. O calendário ditava sempre as mesmas datas para os encontros mas, a fase da vida em que se encontravam e reviam, podia ser qualquer uma na vida dessas miúdas.

Estas miúdas foram crescendo, ficando cada vez menos miúdas. Foram acontecendo coisas nas suas vidas, mudaram coisas, casaram, foram chegando filhos e certamente continuarão a chegar.

Lembro-me de inúmeros estados de alma com que já me encontrei com estas miúdas. Já arranquei para uma corrida estando triste, radiante, calma ou com o meu nervoso miudinho do costume. E, ao longo do tempo, dei por mim (e por nós) a partilhar. Alegrias, coisas menos boas, piadas secas (tantas, meu Deus, não esqueçamos que a minha mãe não tem um braço…tem dois!), às vezes coisas verdadeiramente importantes e profundas, numa qualquer viagem, longa para chegar ao local da prova, ou curta, no meio do Alentejo até aos headquarters da corrida, depois de um dia inteiro a comer pó.

Há, nestas miúdas, um sentido de protecção e companheirismo, nada normal para pessoas que se vêem duas ou três vezes por ano. Se alguém é inconveniente com alguma de nós, salta-nos a tampa e saímos em defesa umas das outras. Se alguma de nós não se sente tão bem, qualquer uma que o perceba, agarra-a por um braço, leva-a a apanhar ar, a conversar, a fumar um cigarro (eu, como não fumo, acompanho com quadradinhos de marmelada), a dar uma volta. Se não pudermos sair juntas, avançamos, pomo-nos à frente (literalmente), para que ninguém veja que algo se passa com ela. As mais experientes defendem as mais novas, ajudam, ensinam e protegem. Não admitimos faltas de respeito, comentários menos agradáveis ou qualquer insinuação menos própria. Defendemo-nos, protegemo-nos, apanhamos reclamações, golpes, o que seja, umas pelas outras.

Somos sérias quando é preciso, agimos com todo o profissionalismo e temos brio no que fazemos. Acartamos caixotes, mesas, cadeiras, sempre que é preciso. Antigamente acartávamos mais, porque éramos menos pessoas. Agora os meninos da logística não deixam, são uns queridos! Somos sorridentes, simpáticas, brincamos e dizemos uns disparates a quem se cruza connosco ou a quem vem ter ao nosso secretariado. Desarmamos os mais mal-dispostos com uma graça qualquer, pomos toda a gente a rir e resolvemos, ou tentamos o melhor que podemos, qualquer problema.

Já chorámos juntas mas compensámos muitas vezes com ataques de riso de ir às lágrimas. Temos as nossas private jokes, gozamos umas com as outras, à vez, e sabemos todas rir-nos de nós próprias, das nossas gaffes ou de alguma característica nossa. Discordamos em algumas coisas, concordamos noutras, encontramo-nos sempre em algum ponto e queremo-nos bem. Gostamos sempre de saber que alguma coisa se resolveu, que estamos mais felizes, que alguma coisa boa aconteceu nas nossas vidas.

Estive fora desta família cerca de 7 anos. Voltei por uma razão que hoje já não existe e fiquei novamente pelas razões de sempre. E fui recebida como se nem um dia se tivesse passado. A primeira coisa que ouvi, depois do regresso foi: “Quem sabe, nunca esquece, Joaninha. Obrigada!”

Há sempre um coro de “obrigados” na hora das despedidas, sempre que acaba uma prova. Há sempre boa disposição, gargalhadas, sorrisos. Estamos exaustas mas sorrimos, com a sensação de dever cumprido. Mas essencialmente é isto. Sempre um obrigada, um sorriso, um abraço sentido, com a certeza de que, se não for antes, nos encontramos na próxima. E que, seja lá como for que nos encontremos, vamos estar lá umas para as outras!

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Fotografia: Paulo Maria / Interslide para ACP

Sambemos na cara dele!

“Já sambei tanto neste cancro hoje que ele nem sabe em que terra caiu.

Hoje desisti de estar a gemer na cama às 5h… fui para um banho de água escaldante com mil alongamentos lá debaixo (P.S. avisar o B. que parti a união da mangueira da banheira) … Fui passear a cadela (…). Depois fiz o meu combo de relaxantes musculares, meti o meu Spidifen efervescente num copo de água e fui “chillar” para o sofá (como se de um copo de vinho se tratasse) com um saco de água quente na barriga.

Depois vim a pé para o comboio, para o meu avô não me dizer que viu no Goucha que a não-sei-quantas curou o cancro com caminhadas.

E já estou a chegar a Santos… Incha, cancro!!!”

Ontem de manhã bem cedo tinha estas mensagens no nosso grupo de amigas do whatsapp. Este mulherão que aqui vos dou a conhecer em breves linhas é uma das amigas de quem mais gosto. Sim, tem um cancro, não fugimos à palavra e não usamos eufemismos. E não, nem 30 anos tem ainda. É uma merda. Perdoem-me o meu francês mas, como eu já disse, não usamos eufemismos.

É uma miúda incrivelmente boa para quem a rodeia, bem-disposta, um pouco louca, como eu gosto, e é como se fosse uma segunda Kiki, para mim. Sem maternalismos, gosto dela, defendo-a se for preciso, alegro-me com as suas alegrias e revolto-me com as suas revoltas, como se fossem coisa minha.

Desde o primeiro dia ela decidiu que ia ser forte e positiva. Que o cancro não iria mudar a vida dela, era o que faltava! Decidiu também que iria sambar na cara dele todos os dias, sem “mimimis”! Aderi imediatamente a esse propósito, claro está. Se é para sambar na cara das inimigas, que seja na cara de uma que valha a pena!

Mas parece que este filho da mãe também tem um feitio tramado e só com a tensão acumulada e com os exames que obriga a serem feitos está a conseguir cansá-la e dar-lhe dores insuportáveis no corpo, o que não facilita o espírito de guerreira. No entanto, ela persevera enquanto aprende a respeitar o seu corpo e o seu ritmo. Tem que descansar. E assim faz, respeita-se. Mas mantém o espirito, sempre positivo, apesar das pontuais e necessárias revoltas, que isto também não é um passeio no parque!

Todos os dias, sem excepção, encontra algo positivo nos revezes que esta nova situação lhe traz. Todos os dias faz uma piada, mais que não seja com os seus companheiros octogenários da sala de espera dos exames. Enquanto espera que os cocktails que lhe dão no hospital façam efeito para fazer TACs e outros exames que tais, vai lanchar e diz-nos que na pior das hipóteses, mata este cancro afogando-o em gelados e waffles! Manda-nos fotografias da vista da sala do hospital, faz-nos sorrir e rir às gargalhadas com a maneira como só ela seria capaz de levar este desafio.

A minha segunda Kiki é grande, é forte, é boa, é capaz, é perseverante, resiliente e bem-disposta. Muito bem-disposta.

Tem ao seu lado os melhores: uma família incrível, louca e maravilhosa como só eles sabem ser, o namorado que nem concebe o cenário que ela pintou quando resolveu ter uma conversa com ele sobre saber que vai ser duro e se quer sair do barco, porque para ele só faz sentido estar neste barco. Não há outro! (não me esqueço que quando referi isto com orgulho e fiz esta pergunta a quem estava ao meu lado na altura, não há muito tempo, sobre o que faria se me acontecesse alguma coisa, o quanto me chocou ouvir “Oh, Joana, não sei…”, por isso penso que partilho o mindset)

E eu (e todos nós) aqui estou, sem querer ser muito chata com as minhas preocupações, mas a fazer saber que estou aqui. Sempre. Para revoltas e gargalhadas. Para rir e para chorar.

Aqui estamos todos, a aprender com ela. É ela quem nos inspira, quem nos ensina, quem não se entrega e quem decidiu como ia levar isto!

Este sacana deste cancro não sabe mesmo com quem se está a meter. Porque não se meteu só com ela, meteu-se com todos nós! Sambamos e sambaremos na sua cara todos os dias!

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